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Sinto-me realizada quando consigo expressar em palavras aquilo que se esconde em meus sentimentos e pensamentos. É como se tudo aquilo que inebria minha alma ganhasse vida, cor e luz. Mais do que combinar letras e fonemas, escrever para mim é uma tentativa quase sempre insuficiente, ainda que deliciosa, de materializar um som, um sorriso tímido, a imperfeição e a beleza dos meus finitos e singelos dias.----------------------------------
Quando me deparo com uma música (som) ou poemas (letras) que descrevem aquilo que está dentro de mim, sinto como se um ciclo de expectativas estivesse sendo fechado e a busca pelo compreender e ser compreendida achasse um lugar de descanso e paz... Ao escrever revelo quem sou sem medo de errar ou anseios por acertar. Esse desprendimento aconteceu com o tempo.
Aos poucos fui entendendo que tolo é aquele que julga o todo apenas pelas partes. É como se eu, em uma tentativa infeliz, me gastasse no projeto de analisar o amor observando somente o beijo de um casal apaixonado. Eu teria apenas uma compreensão parcial do que pode ser o fenômeno amor ao considerar, em minha leitura, apenas o fenômeno ‘beijo’.
De modo semelhante, essa minha pequena parte, escrita, é um simples vestígio do meu todo. O que escrevo revela, ainda que uma pequena parte, (de) como penso a realidade, tão somente a minha realidade. De fato, anuncia e reverbera como eu enxergo o mundo em suas múltiplas formas e, sobretudo, a minha não pretensiosa tentativa de inserção nele. Enfim, escrever para mim se tornou uma forma de me revelar aos pouquinhos, de me conhecer e deixar ser conhecida. Não há mais explicações para isso;
Escrevo porque...
Escrevo para...
Escrevo, embora...
Escrevo, logo...
Escrevo enfim, enfim escrevo.
Texto originalmente postado no blog: hmuitomais.blogspot.com